Wednesday, October 12, 2005

O PT, depois das eleicoes internas

Com 38 votos a favor, foi eleito no fim de semana passado o presidente do PSDB em São Paulo, sede da força hegemônica do partido que já governou o Brasil durante oito anos e alenta a esperança de repetir a dose a partir de 2007. Foi eleito um candidato único, resultado do acerto dos dirigentes tucanos pré-candidatos à presidência da república, sem debates, com conchavos de bastidores, sem nenhuma participação do que seriam os militantes tucanos, como convêm: um assunto das elites paulistas com elas mesmas.

Enquanto isso, cerca de 215 mil petistas voltavam às urnas, para encerrar o maior processo eleitoral que jamais um partido brasileiro havia promovido, ao longo de vários meses, para eleger o presidente do PT. Foram necessários centenas de debates por todos os estados brasileiros, mais de 500 mil votos, em meio à campanha totalitária da grande mídia privada, para que o PT escolha quais que dirigentes estarão à cabeça do partido nos próximos e cruciais anos para a esquerda brasileira.

Como o papel suporta tudo – e a Internet faz circular, junto com todo tipo de vírus e de venda de produtos – se disse tudo ou quase tudo, tentando desmerecer as eleições internas do PT. Qualquer que fosse o resultado, tudo ia continuar igual. Quem apoiou a esquerda nas eleições, vai apoiar a continuidade da direção, se esta se der. Todos são marionetes da velha direção. Nada mudou. A natureza petista está irreversivelmente maculada. A política está perdida, entreguemos de vez tudo na mão dos economistas – e sejamos amigos deles, para nos darmos bem, Abandonou-se o PT no meio das eleições desconhecendo que a realidade não é o que a gente quer que ela seja, mais ainda quando se tenta adaptá-la a decisões que tem calendários eleitorais e opções pré-estabelecidas.

O PT reafirma-se como o maior partido da esquerda brasileira, aquele do qual vai depender o futuro da esquerda no Brasil. Nos tempos duros que têm pela frente, o PT vai ser testado na sua capacidade de redefinir as relações da nova direção com a militância, com o governo, com os movimentos sociais, com a intelectualidade crítica. Disso depende o seu futuro e, com ele, o futuro da esquerda