Wednesday, September 14, 2005

Nova Orleães, Iraque

Nos últimos quatro anos assisti nos EUA a dois acontecimentos gravíssimos, causadores de muita morte e destruição, um deles provocado por mão humana — o ataque às Torres Gémeas —o outro, natural —o furacão Katrina, que acaba de destruir Nova Orleães. Para além da dimensão das tragédias, estes dois acontecimentos não parecem ter nada em comum. Mas as aparências iludem. Em primeiro lugar, ambos revelam, cada um a seu modo, as enormes fragilidades da segurança interna do pais mais rico e poderoso do mundo. Ao contrário do que se tem dito, ambos os acontecimentos foram previstos, e previstos com detalhe. Os relatórios secretos da CIA vinham a pontando para a iminência de um ataque dramático a Nova Iorque por parte da Al Qaeda, usando a aviação civil. Do mesmo modo, são muitos os relatórios de várias agências de protecção civil que nos últimos anos chamaram a atenção para a necessidade de reforçar os diques de Nova Orleães, evitar a erosão dos pântanos e preparar acções de evacuação em grande escala. Em ambos os casos, o governo não levou a sério os alertas. No caso de Nova Orleães, a imprevidência foi particularmente grave, uma vez que, ainda no ano passado, o governo reduziu em cerca de 50% o orçamento do Corpo de Engenheiros encarregado das infra-estruturas de protecção da cidade.