Apesar da segurança para os 34 presidentes que participam da Cúpula das Américas, que ocorre dias 4 e 5 em Mar del Plata, 500 organizações sociais mantêm agenda da Cúpula dos Povos contra Bush, que inclui Alca, militarização e OMC. Protestos devem ter presença de Chávez, Maradona e Cindy Sheehan.
A pequena cidade de Mar del Plata, principal destino dos turistas de Buenos Aires no verão, conhecida por suas belas praias, suntuosos cassinos e por ser sede da mais famosa marca argentina de alfajores, a Hawana, está um caos. Escolhida como sede da IV Cúpula das Américas, que reúne, nos próximos dias 4 e 5, 34 presidentes dos continentes americanos, nas últimas semanas virou uma cidade sitiada.
A área onde ocorrem as reuniões presidenciais – cerca de 250 quadras – foi cercada por grades, ninguém entra sem uma credencial especial, incluindo os jornalistas. Cerca de 7 mil agentes federais e da polícia militar argentinos, além de dois mil especialistas em segurança dos serviços secretos americanos, estão postados por todos os lados, nas ruas, nos topos dos prédios, nas praças; helicópteros americanos fazem contínuos sobrevôos da cidade, e, "estacionados" nos aeroportos de Buenos Aires e Mar del Plata, a força aérea americana mantém pelo menos sete de aviões de guerra C-17.
Em Mar del Plata, está tudo pronto para receber chefes de Estado como Owen S. Arthur, de Barbados, ou Baldwin Spencer, de Antigua e Barbuda. E obviamente George W. Bush, dos EUA.
Do outro lado da cidade, distante do mar e dos cassinos, George Bush também tem sido o centro das atenções. Mais de 500 organizações sociais de grande parte dos países americanos iniciam nesta terça (1º) a Cúpula dos Povos, organizada pela Aliança Social Continental (rede de mais de 500 entidades e movimentos da região que lutam contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), os Tratados de Livre Comércio bi e multilaterais (TLCs) e a militarização estadunidense na América Latina).
A pauta, que deve aprofundar as articulações contra a Alca e os TLCs, pretende definir estratégias de luta pela revisão e o não pagamento das dívidas externas dos países em desenvolvimento e organizar a oposição e as ações dos movimentos sociais para a próxima reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (que ocorrerá em dezembro em Hong Kong). Fóruns setoriais de mulheres, sindicalistas, indígenas, defensores dos direitos humanos, entre outros, também preparam uma grande marcha contra a presença de Bush na Argentina no dia 4.
Manifestação contra Bush
A marcha deve contar com "estrelas" como o ex-jogador Diego Maradona e será encerrada com uma fala do presidente venezuelano Hugo Chávez no conjunto poliesportivo de Mar del Plata e com shows de grandes nomes da música latina, como Silvio Rodríguez, Víctor Heredia e León Gieco. Antes de Chávez, farão uso da palavra a americana Cindy Sheehan, mãe de um soldado de 24 anos morto no Iraque e que se tornou o principal símbolo da oposição à guerra de Bush dentro dos EUA; Ramsey Clark, que liderou a luta contra a guerra de Vietnã na década de 60, e Javier Couso, irmão do jornalista espanhol assassinado em Bagdá em 2003 pelas tropas norte-americanas que bombardearam o hotel Palestine.
Segundo avaliação preliminar dos organizadores, o protesto deve reunir cerca de 50 mil ativistas. O jornal Pagina 12 informou que Maradona, o deputado Miguel Bonasso e o cineasta bósnio Emir Kusturica, além de "outras 150 personalidades", virão de trem. Outra caravana de cerca de mil ônibus trará dirigentes sociais e políticos de vários partidos, que se juntarão aos participantes da Cúpula dos Povos.